O Grande Conflito em Nossa Vida:

"Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo; porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça. Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz; embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno. Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus; com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos e também por mim [...]." Efésios 6:10-19

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

8º Capítulo - Ex Pastor da IASD Conta Tudo! Período: Vida Adulta - Dos 48 Anos aos 54 Anos de Vida - Das Trevas do Maligno Para a Luz de Cristo

Esse capítulo será o mais difícil para eu escrever. Mas por outro lado será o mais gratificante, por causa da graça e do amor de Jesus. Como escrevi no capítulo anterior, em julho de 2010 minha vida espiritual entrou numa fase de profundo declínio. Até então eu procurava manter muitos princípios aprendidos na IASD, dentre eles o de não usar bebidas alcoólicas. Contudo, foi numa noite fria de julho de 2010 que tomei uma das piores decisões da minha vida, uma decisão que me custaria muito caro do ponto de vista biopsicosocial e espiritual. Após essa decisão eu experimentei uma decadência na saúde física, emocional, psicológica e espiritual, além de afetar negativamente minhas relações sociais. Naquela noite fria de julho de 2010 eu decidi sair para me divertir conforme os padrões do mundo e comecei experimentar bebidas alcoólicas. Sim, me tornei um ex-pastor e ex-membro da IASD alcoolizado, mas muito mais que isso, apostatado e vazio espiritualmente.

Eu sempre acreditei, num sentido figurado, que dentro de uma garrafa de bebida alcoólica haviam demônios, mas mesmo assim, em meu desespero, decidi experimentar. Fiz das bebidas alcoólicas uma válvula de escape para os meus problemas, ao invés de dobrar os meus joelhos diante de Deus. A princípio o álcool faz você se sentir muito bem, deixando você em um estado mental de euforia e proporcionando um alívio temporário de tensões psicológicas e físicas. O álcool muda a sua personalidade e o seu comportamento, porém, como é uma droga depressora após seu efeito no organismo o sentimento que vem é de tristeza profunda e um enorme vazio existencial.

Durante cinco longos anos fui usuário de bebidas alcoólicas, desde julho de 2010 a setembro de 2015. Escrevo isso com vergonha de mim mesmo, mas principalmente para dar meu testemunho do amor incondicional de D'US. Eu bebia todas as noites, de terça-feira a domingo, só não bebia na segunda-feira porque os estabelecimentos que eu costumava frequentar estavam todos fechados. Eu consumia vários tipos de bebidas alcoólicas, as quais até então eu não havia experimentado e tinha até uma certa curiosidade. Durante os mais de cinco anos que fiz uso do álcool eu me sentia muito, mas muito distante de Jesus. Lembro que havia uma Bíblia aberta em cima de um balcão na sala do meu apartamento, a qual eu nem tocava e já estava literalmente com as páginas amareladas e cobertas de poeira. Toda vez que eu chegava em casa alcoolizado eu olhava para aquela Bíblia e chorava como uma criança. Satanás finalmente estava no controle "quase" total da minha vida, "quase" porque eu ainda orava, algumas vezes mesmo embriagado, eu chorava e clamava pedindo a misericórdia de Deus por meio de Jesus. Muitas vezes eu não acreditava como eu tinha chegado naquela situação. Até meu gosto musical que sempre foi voltado para músicas sacras começou a mudar. Passei a comprar e ouvir CDs dos últimos lançamentos dos sucessos internacionais, principalmente de músicas Rock, e logo não havia mais nada de CDs de músicas sacras dentro do meu carro, mas apenas de músicas mundanas. Mais tarde passei a baixar músicas da Internet em estilo Rock para um Pen Drive, mas deixei um espaço para alguns hinos do HASD (Hinário Adventista do Sétimo Dia) que mais gostava, os quais escutava raramente, sempre em lágrimas, por me sentir tão afastado de Jesus.

Eu gostava de frequentar bons lugares em Joinville, SC. Alguns desses lugares eram restaurantes e bares com música ao vivo na rua Visconde de Taunay, conhecida na época como Via Gastronómica de Joinville. Outros lugares eram casas de show de música Rock ou Sertanejo Universitário. Minha rotina de festas e baladas era de terça a domingo, só não saia na segunda porque não tinha nada aberto. Também comecei a fazer academia, geralmente após um dia de trabalho eu dava uma passadinha em casa, pegava algumas roupas e depois ia para a The Best, uma academia que ficava dentro do Shopping Mueller em Joinville, SC. Após fazer academia e tomar um bom banho no vestiário, eu me arrumava bem e saia para mais uma noite de diversão com muita bebida, música Rock e festa. Geralmente eu começava o "esquenta" no Madrileño Bar e Cocina Internacional por volta da meia noite, onde eu jantava e começava a beber bebidas alcoólicas até umas duas horas da madrugada. O Madrileño ficava na via gastronômica de Joinville, e era um local muito agradável, com músicas ao vivo em diversos estilos. Os garçons já me conheciam e eu tinha um atendimento "vip", pois já era considerado da casa. Mas havia um garçon no Madrileño chamado Isaías, o qual geralmente me servia e ao mesmo tempo me falava do Evangelho de Jesus, ele era membro da IEQ. Mesmo naquele lugar Deus enviou alguém para me alertar, mas embora eu conversasse com Isaías sobre a Palavra de Deus, parece que minha mente estava anestesiada e eu não conseguia perceber a minha real condição. Ao sair do Madrileño, geralmente eu ia para um desses lugares em ordem de preferência: Taberna Music Hall, um "Pub" que ficava em um porão, e onde tocavam bandas de música Rock ao vivo; Bovary, outro "Pub" onde também havia música Rock ao vivo; Expresso Choperia, onde tocavam músicas Sertanejo Universitário ao vivo. Esses três lugares eram o que eu mais frequentava, mas haviam outros que eu ia de vez em quando, como o Let It Be Pub; Zun Schlauch; Moon; Paiol Choperia

Foi numa dessas noites, no Expresso Choperia, em que eu encontrei Humberto Goulart. Eu já tinha bebido bastante e estava do lado de fora para tomar um ar quando um rapaz se aproximou de mim e me disse: "Pastor Jorge, a quanto tempo?" A princípio fiquei sem resposta, pois eu não lembrava daquele jovem. Então lhe perguntei: "Você me conhece de onde?" Ao que ele prontamente respondeu: "Eu te conheço de Lages, SC, mas faz tempo". Então começamos a conversar e Humberto me contou o seguinte: "Pastor Jorge, eu te conheci lá na igrejinha adventista do sétimo dia da Várzea, em Lages, SC, não era uma igreja organizada ainda, era um grupo e a gente se reunia numa sala de aula de uma escola. Quando eu tinha uns nove anos de idade você foi fazer um sermão lá, você devia ter uns 17 ou 18 anos de idade, era bem novinho ainda (risos)". Fiquei perplexo, e foi então que, mesmo embriagado, lembrei do fato, inclusive da roupa que usei para pregar naquela manhã de sábado, mas não conseguia lembrar dele, lhe pedi desculpas por isso. Todavia, a partir daquele encontro ficamos amigos. Naquela noite, Humberto me apresentou outro amigo, o jovem Jauro, e juntos curtimos o restante daquele sabadão universitário. 

Humberto era um jovem adventista do sétimo dia que no sábado pela manhã ia na escola sabatina e no culto de adoração, mas no sábado à noite ia para as baladas e tomava bebidas alcoólicas. Eu, era um ex-pastor frustrado, decepcionado e revoltado com a IASD, e Jauro era um jovem Católico Apostólico Romano. Embora Humberto soubesse da minha condição, ele nunca me criticou, até porque eu estava declaradamente fora da IASD, a ponto de não chegar nem perto de um templo. Eu também nunca critiquei ele por viver uma vida dupla dentro da igreja e fora ao mesmo tempo. Depois acabei descobrindo que Humberto tinha cuidado da mãe dele por anos enquanto ela estava doente, até ela falecer com câncer. Mas, apesar de tudo que fazíamos de errado a gente conversava sobre as coisas de Deus e sabíamos que naquela situação estávamos perdidos.

O tempo foi passando rapidamente, e para encurtar essa história de amizade com Humberto, alguns anos mais tarde ele foi testemunha do meu casamento no civil e no religioso, e finalmente em 2016 Humberto e eu abandonamos aquela vida de baladeiros e nos rebatizamos na IASD, ele em Lages, SC, e eu em Joinville, SC. Após o nosso retorno para Jesus, a nossa amizade ficou mais forte ainda em Cristo, a ponto de Humberto e eu fazermos atividades missionárias juntos. Eu lhe dei de presente uma Bíblia Bilíngue em Português e Inglês, pois Humberto era fluente, formado em Letras dava aulas de inglês como professor na Rede Pública Estadual de Ensino. Depois disso, ele passou a frequentar minha casa e jantar conosco com certa frequência. Todavia, numa daquelas visitas ele nos deu uma notícia muito triste, ele nos disse que estava com câncer. Imediatamente lhe disse para começar a quimioterapia, mas ele disse que ia tentar um tratamento alternativo com alimentação natural. Na época, eu e minha esposa insistimos com ele para que começasse a quimioterapia o quanto antes, mas ele demorou três meses tentando um tratamento alternativo. Toda vez que ele ia lá em casa tomar uma sopa conosco, a gente orava com ele. Depois de um tempo Humberto começou a ter dificuldades em tomar sopa e engolir, e começou a emagrecer demais, e quando foi fazer a ressonância magnética o câncer já havia se espalhado. Foi só então que decidiu fazer a quimioterapia, mas já era tarde. O sofrimento dele foi o nosso, as lágrimas dele foram as nossas. Como ele era solteiro e morava sozinho e seus parentes eram de Lages, SC, e ele só tinha uma irmã em Joinville, SC, a qual o amparou, nós também passamos a dar todo apoio que pudemos ao Humberto. Foram muitas orações e súplicas em seu favor, mas o câncer foi cruel, e logo Humberto teve que ser internado no Hospital Dona Helena, onde permaneceu por poucos dias. Lembro das últimas visitas que fizemos a ele antes de falecer, foram três na verdade. Na primeira ele ainda estava lúcido e conversando, na segunda visita ele já não estava mais conseguindo falar e na terceira, a qual foi um dia antes dele falecer, ele estava totalmente inconsciente, sedado em cuidados paliativos. Em todas essas visitas oramos por ele e procurei pegar na mão do meu grande amigo e irmão em Jesus. Foi muito triste e difícil para mim presenciar todo o seu sofrimento até a sua morte. Contudo, dou graças a Deus por ter encontrado o Humberto naquela noite no Expresso Choperia, e agradeço mais ainda por ter presenciado o seu retorno a Jesus como seu único Salvador e Senhor. Até hoje fico pensando no fato de que nada acontece por acaso em nossas vidas, para tudo Deus tem um propósito. E tenho plena convicção de que era propósito de Deus que o Humberto me reconhecesse naquela noite e ficássemos amigos e nos tornássemos irmãos em Jesus. Há um ditado que diz que quando duas pessoas se encontram elas nunca perdem nada, apenas ganham, e eu ganhei um grande amigo, o qual eu espero reencontrar um dia quando Jesus retornar em poder, glória e majestade, com todos os anjos do céu para ressuscitar aqueles que morreram crendo NEle e lhes dar a vida eterna. Mesmo diante da morte podemos crer no que está escrito: "Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor". (Romanos 14:8)

Em memória do meu amigo e irmão em Jesus, Humberto Goulart, escrevi a seguinte poesia, pois há amigos mais próximos do que um irmão:

Meu Amigo e Irmão

I
Meu amigo e irmão do coração,
Quando te encontrei naquela noite de alegrias passageiras,
Minha alma pareceu ter saído da solidão,
Surgiram então lembranças e emoções tão verdadeiras.

II
 Meu amigo e irmão do coração,
Passamos momentos conversando, sorrindo e sonhando,
Minha vida entrou na sua e a sua na minha com razão,
Saímos juntos, bebemos e rimos como crianças brincando,

III
Meu amigo e irmão do coração,
Nas nossas idas e vindas que pareciam sem fim,
No auge da nossa falsa liberdade e prisão,
Encontramos o amigo dos amigos em fim.

IV
Meu amigo e irmão do coração,
Nossa vida foi assim transformada por Jesus,
Nossa amizade passou a ser eterna como galardão,
Pela fé recebemos o Seu amor e a Sua luz.

V
Meu amigo e irmão do coração,
Esse mundo é um vale de lágrimas e sofrimentos,
A doença lhe alcançou com corrosão,
Aos poucos eu também sofri com os seus tormentos.

VI
Meu amigo e irmão do coração,
Estive sempre ao seu lado com amor e respeito,
Tentei evitar o pior com oração,
Mas uma parte de mim também morreu em meu peito.

VII
Meu amigo e irmão do coração,
A sua ausência nos causa profunda tristeza e pesar,
Mas relembrar as alegrias que você gerou em nosso coração,
É como se um pedaço de você estivesse sempre um presente a nos dar.

VIII
Meu amigo e irmão do coração,
Tenho fé em nosso Senhor Jesus e sua promessa linda,
Que somente Ele é a vida e a ressurreição,
E que um dia viveremos para sempre uma amizade infinda.

IX
Meu amigo e irmão do coração,
Nossa amizade não foi por acaso ou coincidência,
Mas foi fruto de uma divina direção,
Uma amizade sincera e resultado da providência.

X
Meu amigo e irmão do coração,
Descanse em paz até a volta de Jesus o Filho Eterno e Divinal,
Também vou me preparar nessa vida com maior devoção,
Para um dia estarmos juntos novamente no lar perene e celestial!


Em homenagem e gratidão pela amizade sincera de meu amigo e irmão do coração:

Humberto Vinicius Gomes Goulart
* 15/08/1971 - + 06/11/2018

Nesse período entre Julho de 2010 a Setembro de 2015 minha vida se resumia em me dedicar aos meus empregos, sair para as baladas todas as noites, conhecer mulheres e me embriagar. Afinal, eu pensava comigo mesmo, estou solteiro, tenho carro, apartamento, bons empregos e dinheiro para gastar. Mesmo vivendo essa situação de festas em minha vida pessoal, eu não fazia nada para me prejudicar em meus empregos, mas minha vida espiritual estava cada vez mais vazia. Continuei trabalhando como professor concursado de Ensino Religioso na Rede Municipal de Educação de Joinville no período da manhã, como Técnico Pedagógico na Secretaria de Estado da Educação, concursado e lotado na  Coordenadoria Regional da Educação (CRE) em Joinville no período da tarde, e no período da noite eu dava aulas na Faculdade Guilherme Guimbala (FGG/ACE) para o curso de pedagogia, atividade essa que me dava grande satisfação e realização profissional. A confiança da Instituição de Ensino FGG/ACE em meu trabalho como Professor de Ensino Superior era tanta que fui convidado a lecionar onze disciplinas durante os mais de dez anos que trabalhei lá, ou seja, fui professor de: Filosofia da Educação, História da Educação, Projetos Educacionais, Políticas Públicas, Formação Continuada dos Docentes, Gestão Escolar, Educação e Novas Tecnologias, Educação de Jovens e Adultos, Antropologia Cultural, Sociologia da Educação e Empreendedorismo. Eu sempre amei o trabalho da docência e gostava muito de lecionar. Porém, confesso que sempre aprendi mais do que ensinei. Para cada disciplina eu criei um blog, assim meus alunos e minhas alunas tinham acesso aos conteúdos e outras informações. A seguir alguns desses blogs:

1. História da Educação: www.historia-da-educacao.blogspot.com

2. Empreendedorismo: www.empreendedorismohoje.blogspot.com

3. Filosofia da Educação: www.filosofiaefilosofiadaeducacao.blogspot.com

4. Antropologia: www.antropologiaearqueologia.blogspot.com

5. Educação e Novas Tecnologias: www.educacaoparamidiadigital.blogspot.com e www.influenciadamidia.blogspot.com

6. EJA: www.eja-educacaodejovenseadultos.blogspot.com

Em relação ao meu trabalho como Técnico Pedagógico na CRE, criei dois blogs para registro das atividades como coordenador, ou seja:

1. Projeto NEPRE: www.projetonepre.blogspot.com

2. Programa o Caráter Conta: www.ocaraterconta.blogspot.com

Também criei um blog relacionado ao meu trabalho como Professor de Ensino Religioso na Rede Municipal de Ensino de Joinville e como Professor de Ocultismo e Religião no Instituto de Parapsicologia de Joinville, onde lecionei esporadicamente por mais de cinco anos aos finais de semana, ou seja:

1. Ciências da Religião: www.cienciasdareligiao.blogspot.com

Além dessas atividades profissionais eu encontrava tempo para dar aulas em cursos de pós graduação e cursos de capacitação para professores. Mesmo para esses projetos esporádicos eu criava blogs com conteúdos relacionados. A seguir alguns deles:

1. Avaliação Escolar: www.avaliacao-escolar.blogspot.com

2. Projeto de Capacitação: www.capacitacaoparaeducadores.blogspot.com

3. Metodologia Científica: www.metodologia-do-trabalho-cientifico.blogspot.com

4. PPP: www.projeto-politico-pedagogico.blogspot.com

5. Programa Escola de Caráter: www.escoladecarater.blogspot.com

Minha vida profissional estava a todo vapor, todavia, por causa do alcoolismo e de uma depressão profunda não demorou muito para eu começar a ter problemas em meus empregos. Enquanto escrevo esse capítulo, me sinto triste ao lembrar de tudo isso que estou relatando. O primeiro emprego que comecei a ter problemas foi o de Professor de Ensino Religioso. Como eu passava as noites em festas e baladas me embriagando e até amanhecia naqueles lugares mesmo durante os dias da semana, por mais que eu tomasse bebidas energéticas a base de cafeína na tentativa de neutralizar os efeitos do álcool em meu cérebro e corpo, eu comecei a chegar na escola embriagado. Cheguei a passar situações bem constrangedoras por causa disso. Foi então que tomei uma decisão, solicitei junto a Secretaria da Educação Municipal uma licença sem vencimento, para poder me afastar do trabalho e continuar tomando bebidas alcoólicas todas as noites até de madrugada, dessa maneira eu poderia dormir pela manhã. Literalmente eu troquei parte do meu dia pela noite. Lembro disso com vergonha e tristeza. Mas isso foi só o começo de outros problemas que foram surgindo. Mas nem tudo foi só problemas, e mesmo vivendo essa situação que relatei, coisas boas também aconteceram em minha vida, pela graça e misericórdia de Deus.

No final de 2010, no mês de outubro, enquanto eu lecionava num final de semana no Instituto de Parapsicologia de Joinville, no intervalo das aulas eu vi uma jovem sorrindo, e aquele sorriso tão lindo me iluminou por dentro e de certa forma me trouxe paz. Fiquei tão encantado com aquele sorriso que ele ficou gravado em minha mente como uma linda imagem colorida. Sem falar no fato de que aquela moça era muito bonita também, eu nunca tinha visto ela antes. Como eu gosto de escrever poesias e tenho um blog sobre isso, mesmo sem saber o nome dela e sem ter falado com aquela jovem ou sequer ter cumprimentado ela, aquele sorriso me marcou tanto que quando cheguei em casa escrevi uma poesia. Se desejar ler a poesia pode acessar o link abaixo.

Há Pessoas especiais que são capazes de mudar o nosso dia e a nossa alma por meio do seu sorriso...

Eu creio de todo o coração que Deus coloca pessoas especiais em nosso caminho para de alguma forma nos abençoar, e aquela moça do sorriso lindo e iluminado foi uma dessas pessoas. Conheci aquela jovem na minha pior fase de vida. Espiritualmente eu estava muito fraco na fé. Mas conhecê-la me trouxe uma luz de esperança, pelo menos para minha vida emocional e sentimental. Algumas semanas mais tarde, eu soube que daria aulas de Ocultismo e Religião para a turma dela no Instituto de Parapsicologia de Joinville. Lembro que após a primeira aula que dei para a turma dela, a procurei e lhe disse que eu tinha escrito uma poesia para ela por causa do seu lindo sorriso. Ela ficou muito surpresa e curiosa, mas eu também estava surpreso porque nunca havia imaginado que nós fôssemos conversar sobre isso. Ela insistiu para que eu lhe mostrasse a poesia. Eu lhe disse que estava na Internet em um blog de poesias, e que eu não havia planejado lhe entregar, mas iria lhe enviar o link para que ela pudesse ler. 

O resultado da nossa primeira conversa foram outros encontros, os quais se tornaram em um namoro, um ano depois em um noivado e no ano seguinte em um casamento, mais precisamente no dia 27 de Abril de 2013. Ela era de família católica, e eles não abriam mão de sua religião. Eu sabia disso, tanto que escondi de todos, até da minha namorada, por mais de um ano, que eu era um ex-pastor e ex-membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Quando contei a eles durante um jantar ficaram surpresos, principalmente porque eu tomava bebidas alcoólicas. É claro que eu fiquei envergonhado por causa do mal testemunho que estava dando, eu estava em trevas e não percebia quão grande eram elas. Porém, meus sogros, membros da ICAR, me receberam como um filho em sua família. Desse modo meu sogro e minha sogra passaram a ser para mim como meus segundos pais, de tanta consideração que teu tinha por eles. Uma das coisas que fizeram com que eu me identificasse muito com a família da minha atual esposa foi o fato de que nossa naturalidade era da mesma região do Estado de Santa Catarina, ou seja, éramos todos Serranos, da região mais fria do Estado. Eu era natural de Lages e a família da minha namorada era da região serrana também, praticamente na mesma localização. Eu e ela tínhamos sido criados nos mesmos costumes da Serra Catarinense, ou seja, ao redor do fogão à lenha comendo pinhão assado na chapa. 

Sobre meu casamento com minha atual esposa, eu só podia estar muito apaixonado mesmo, porque até hoje eu não sei como pude abrir mão das minhas mais profundas convicções e crenças e ter casado com ela na Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR). Lembro que a primeira vez que fui conversar com um padre em Joinville, SC, no Santuário Sagrado Coração de Jesus, o sacerdote me recebeu muito mal e me disse que eu deveria fazer a Catequese para poder casar na ICAR. Como eu não conseguia me ver fazendo aulas de Catequese, procurei outro padre em Barra Velha, SC. O padre Fred Jorge Araújo Silva me recebeu de maneira diferente, quando lhe disse que eu tinha sido ex-pastor da IASD, ele me perguntou se eu tinha estudado teologia e se eu tinha o certificado de batismo, ao que lhe respondi afirmativamente. Então o padre Fred me pediu uma cópia do meu certificado de batismo na IASD juntamente com uma declaração atualizada da Instituição Adventista, nesse caso a Associação Norte Catarinense que fica em Joinville, SC, comprovando de que eu de fato havia sido batizado nas águas. Ele me disse que meu batismo na IASD seria aceito na ICAR, e que eu não precisaria ser batizado por aspersão, disse ainda que eu não precisava fazer a Catequese, mas afirmou que eu precisaria fazer o curso para noivos junto com minha noiva e que eu deveria passar pela Crisma. O padre Fred me disse ainda que faria minha Crisma de maneira discreta no dia da cerimônia do meu casamento, e que ninguém perceberia, e fez.

Foi muito difícil para mim violar minha consciência por amor a minha noiva. Mesmo eu me sentindo tão afastado de Jesus eu sabia que pronunciar o Credo da ICAR seria uma blasfêmia muito grande e mesmo assim eu cometi esse pecado. Eu estava indo cada vez mais fundo em minha apostasia. Por falar em apostasia, no dia em que eu fui na Associação Norte Catarinense (ANC) solicitar a declaração de que eu já havia sido batizado na IASD, eu passei por uma situação bem constrangedora. Eu tinha ido até o escritório do secretário da ANC junto com minha noiva Elisandra, e o pastor que era o secretário estava de férias, logo fomos atendidos por sua secretária pessoal, ela me conhecia de quando eu tinha sido pastor em Florianópolis, SC, mas fez de conta que não me reconheceu. Até aí tudo bem. Minha noiva tinha muita curiosidade e interesse sobre a IASD, mas infelizmente percebeu que eu estava sendo tratado com discriminação e preconceito, pois a secretária estava relutante e não queria me dar uma declaração de que um dia eu havia sido batizado na Igreja Adventista do Sétimo Dia. Foi então que ela pegou o telefone e ligou para o pastor secretário da ANC, em seguida ela passou o telefone para mim e o pastor me perguntou por que eu queria tal declaração. Respondi apenas que precisa dela, sem dar maiores explicações. Em seguida passei o fone para a secretária, que por sinal me conhecia quando eu tinha sido pastor, e novamente pude ouvir quando ela disse ao pastor da Associação que nos registros da igreja eu estava excluído por causa de apostasia. Aquilo me deixou muito triste, porque lembrei de quando eu era pastor ordenado da IASD e agora eu estava ali como um apóstata. Naquele momento me senti como um leproso condenado e distante de Jesus. Fiquei tão triste e magoado, que após pegar a declaração eu decidi que nunca mais iria pisar ali novamente e muito menos dentro de um templo da IASD, pois não me sentia digno. Até minha noiva percebeu tudo que havia ocorrido e chegou a me perguntar se estava tudo bem comigo.

Contudo, apesar de estar namorando com uma moça maravilhosa e mais tarde ter noivado e casado com ela, eu continuei me embriagando. Todas as vezes que a gente saia para se divertir, durante o namoro, o noivado e mesmo depois de casados, eu bebia muito. Ela não bebia junto comigo, e nas raras vezes que o fazia tomava apenas um "drink". Na verdade ela não gostava que eu tomasse bebidas alcoólicas. Por causa da minha dependência do álcool nosso namoro e noivado tiveram alguns problemas, mas principalmente nosso casamento foi afetado, tanto que apenas dois meses após nosso enlace matrimonial começamos a ter sérios problemas, sendo eu o principal causador dos mesmos. Não vou entrar em detalhes aqui, mas por trás do meu alcoolismo havia um problema espiritual muito grave, o qual eu não percebia na época.

Alguns fatos que ocorreram comigo durante o namoro me chamaram a atenção na época, mas hoje percebo que eram na verdade sinais de que algo espiritual estava ocorrendo comigo. Apesar de serem membros da ICAR, a família da minha namorada tinha o costume de visitar o Centro Espírita de Araquari, SC. eles me convidaram algumas vezes, mas sempre recusei, pois de acordo com meu conhecimento teológico e bíblico eu sabia do que se tratava. Mesmo estando apostatado eu sempre indiquei a Bíblia para eles como única regra de fé e prática, e sempre mencionei a verdade bíblica de que os mortos não podem se comunicar conosco, pois estão em um estado de inconsciência aguardando a ressurreição por ocasião da segunda vinda de Jesus em poder, majestade e glória. Mas um dia minha namorada me convidou para ir com ela. Novamente, por amor, violei minha consciência e fui. Na verdade fiquei curioso, pois nunca tinha visitado um centro espírita antes. Ao chegar no Centro Espírita em Araquari, SC, participei de toda reunião como expectador curioso. Após a palestra, deixaram o ambiente em meia luz e iniciaram os passes com as mãos. Não senti nada na hora, mas quando cheguei em meu apartamento onde morava sozinho, comecei a sentir a presença do mal ao meu redor. Meu corpo começou a ficar todo arrepiado, e eu sabia que algo tinha me acompanhado até no meu apartamento. O que fiz então? Não fiquei com medo, mas orei a Deus, recitei o Salmo 91 e disse em voz alta: "saia daqui em nome de Jesus"! Logo senti a paz da presença de Cristo e dormi tranquilo a noite toda.

Outros dois fatos idênticos que ocorreram durante meu namoro foram bem curiosos. Lembro que a primeira vez que ocorreu eu tinha ido visitar minha namorada. Eu morava em Joinville, SC, e ela morava com seus pais em Araquari, SC. Desse modo eu tinha que pegar a BR 101 e viajar mais ou menos 15 km sempre que ia visitá-la. Ela havia me dado um controle remoto do portão da casa onde moravam, e quando cheguei lá naquele dia, o controle remoto estava todo desmontado peça por peça e colocado no mesmo lugar de maneira organizada dentro do carro. eu não havia mexido nele e mais ninguém tinha mexido, e eu tive que montá-lo novamente para ele funcionar. Noutra ocasião ocorreu a mesma coisa, mas dessa vez minha namorada estava comigo e também viu. A gente tinha ido jantar no Madrileño Cocina Internacional em Joinville, SC. Nesse lugar sempre tinha música ao vivo e era um dos locais onde eu costumava tomar bebidas alcoólicas. Naquela noite, como eu havia bebido, minha namorada é que foi dirigindo até a casa dela. Quando chegamos lá, o controle remoto do portão estava novamente todo desmontado peça por peça e organizado no mesmo lugar dentro do carro. Ela ficou intrigada com aquilo e não acreditava como aquilo pudesse ter ocorrido, sendo que somente nós dois entramos no carro e o controle estava inteiro quando a gente foi jantar. Havia uma mulher benzedeira que era vizinha da família da minha namorada e muito conhecida por todos na região. No outro dia minha namorada perguntou para ela o que significava aquilo que havia ocorrido com o controle remoto. A benzedeira disse que um "espírito" havia acompanhado a gente desde o Madrileño naquela noite e queria apenas brincar com a gente, pois tinha nos achado "gente boa". Eu logicamente sabia o que tudo aquilo significava e apenas fiz uma oração. 

Outro fato que ocorreu foi na casa dos meus sogros. Eles tinham recebido a visita de um pastor pentecostal, e após a oração feita por aquele pastor, ele olhou assustado para mim e disse: "Você, você foi escolhido por Deus para realizar uma grande obra. Deus ainda vai te usar muito". Eu não havia dito nada para ele sobre o fato de ser um ex-pastor e apenas respondi amém. Mesmo naquela situação de apostasia eu sentia o chamado de Deus. Mas continuei sendo teimoso como o profeta Jonas.

Após o nosso casamento, com direito a festa e tudo mais, os anos de 2013, 2014 e 2015 se passaram na seguinte situação: mesmo depois de casado eu saia com minha esposa para dançar e se divertir em casas de música sertaneja e rock, e eu sempre bebia muito. Frequentávamos lugares considerados caros para a maioria das pessoas e eu tinha orgulho de sair com minha mulher. Porém, algumas vezes, em casa, a noite acabava em discussão e agressões verbais. Eu lembro que duas ou três vezes eu quebrei coisas dentro de casa durante nossas discussões.  Graças a Deus nunca houve agressão física. Hoje escrevo isso com vergonha e constrangimento. Todavia, apesar disso tudo, a gente vivia bem a maioria do tempo e dos dias. Diante dos problemas em meu casamento e do uso que eu fazia de bebidas alcoólicas com frequência, já no ano de 2013, por sugestão da minha esposa, busquei ajuda com um médico psiquiatra, o qual me diagnosticou com quadro depressivo, me encaminhou para sessões de psicoterapia e me receitou Sertralina. Passei a tomar esse medicamento e a fazer psicoterapia. Confesso que eu não acreditava muito na psicologia, apesar de ter uma esposa quase formada em psicologia, entretanto como percebi que as sessões com o psicólogo estavam me fazendo bem, continuei indo duas vezes ao mês, e isso durou por três anos seguidos.

No ano de 2014 minha esposa decidiu que iria abrir uma cafeteria no centro da cidade de Joinville, SC. Eu apoiei sua iniciativa e fizemos todo projeto juntos. Visitamos várias cafetarias por onde viajávamos a passeio, foi uma fase muito boa em nosso casamento. Finalmente, após meses de planejamento e procura, encontramos o local ideal no centro da cidade de Joinville, SC. Arrumamos a sala, mobiliamos com tudo que era necessário e decoramos, e foi assim que nasceu a Doce Café. Minha esposa tem o perfil empreendedor, pois vem de uma família de empreendedores. Como eu fiz vários cursos no SEBRAE e tinha dado aulas de Empreendedorismo na FGG/ACE por vários anos, não foi difícil para nós abrir um pequeno negócio. Parecia que tudo ia muito bem com a minha vida, mas em 2014 eu ainda estava afastado sem remuneração do meu emprego na Rede Municipal de Educação de Joinville como professor  de Ensino Religioso no período da manhã.

No decorrer do ano de 2015, algo começou acontecer comigo em relação ao uso de bebidas alcoólicas. Estranhamente eu não sentia mais prazer em beber e minha vontade foi diminuindo cada vez mais, a ponto de eu falar para minha esposa que eu estava até sentindo nojo de bebidas alcoólicas. Ainda nesse ano eu decidi com minha esposa que não abriríamos nossa cafeteria aos sábados e na sexta-feira à tarde fecharíamos um pouco mais cedo. Também passei a convidar minha esposa para irmos juntos na IASD do Guanabara em Joinville, SC, participar dos cultos de adoração, ao que ela prontamente aceitou. Além das minhas atividades profissionais em dois vínculos no serviço público, eu também estava envolvido no projeto Escola de Caráter, um programa de capacitação para profissionais da educação aos finais de semana. Tudo parecia correr bem no ano de 2015, várias coisas positivas estavam ocorrendo e minha vida, dentre elas o fato de eu estar bem profissionalmente, ter voltado a frequentar esporadicamente a IASD aos sábados pela manhã com minha esposa, ter decidido não abrir nosso negócio aos sábados e principalmente estar bebendo bebidas alcoólicas cada vez menos. Eu sentia que o Espírito Santo de Deus estava atuando em minha vida.

Tudo parecia que estava indo bem, porém, em Agosto de 2015 eu fui demitido sem justa causa da FGG/ACE onde atuava como professor de Ensino Superior para o curso de Pedagogia por mais de dez anos. Essa demissão me fez muito mal e me deixou ainda mais deprimido, mas eu continuava indo ao médico psiquiatra, tomando remédio e fazendo psicoterapia. Como eu estava trabalhando apenas em um emprego, na CRE, decidi que era hora de voltar a lecionar como professor de Ensino Religioso, e foi o que fiz, retornei para a sala de aula no período da manhã no segundo semestre de 2015. Dessa maneira eu trabalhava de segunda a sexta das 7:30 às 19:00 horas em dois empregos como funcionário público concursado. Apesar de eu estar tomando remédio, indo no médico psiquiatra a cada dois ou três meses e fazendo psicoterapia, eu não parava de tomar bebidas alcoólicas quando saia com minha esposa aos finais de semana, porém, já havia diminuído bastante o consumo, porque durante os dias da semana eu não bebia mais, e como já disse, passei a sentir até nojo das bebidas alcoólicas. Outro fato que começou a ocorrer comigo foi o desejo de orar junto com minha esposa na hora de dormir, o que passei a fazer todas as noites.

No mês de Setembro de 2015, quando eu decidi que não colocaria mais nenhuma gota de bebida alcoólica em minha boca, e depois de contar a minha decisão para minha esposa, ela me confessou que as suas orações ao Divino Pai Eterno em meu favor haviam sido atendidas. Como uma mulher Católica Apostólica Romana ela me disse que havia participado de várias correntes de oração pela televisão por meio do programa do Divino Pai Eterno, e que havia consagrado vários copos com água durante as orações e pedido pela minha libertação do álcool. Sem eu saber ela havia colocado aquela água abençoada numa garrafa dentro na nossa geladeira a qual eu sempre tomava. Minha esposa me disse certa vez que sempre que orava por mim, algumas vezes em lágrimas, ela perguntava para Deus: "como podia que seu marido, um pastor que havia sido consagrado a Deus fosse uma ovelha perdida? Certamente o Senhor ouviu suas orações e a sua fé foi recompensada, pois de fato Jesus me libertou das bebidas alcoólicas por meio da atuação do Seu Espírito em mim.

Apesar de eu ocasionalmente estar novamente frequentando a Igreja Adventista do Sétimo Dia junto com minha esposa, não havia um interesse da minha parte de participar de nenhuma das atividades e muito menos de voltar a ser um membro efetivo da IASD. Eu estava numa situação muito cômoda, como um legítimo Laodiceano ou pior ainda. Porém, tudo estava prestes a mudar drasticamente, pois logo ocorreria um fato que me deixaria em completo desespero e aflição por eu estar afastado espiritualmente de Jesus e sua graça. 

Esse fato ocorreu no mês de Setembro de 2015 na cidade de Rio Negrinho, SC. Eu e minha esposa Elisandra havíamos viajado para Mafra a trabalho, a ser realizado juntamente com o Dr Guilherme Guimbala Júnior, para executar mais uma capacitação para educadores por meio do projeto Escola de Caráter. Como sempre gostei de visitar museus, após as palestras do final de semana, eu e minha esposa resolvemos visitar o principal museu da cidade de Rio Negrinho, SC, pois essa cidade faz divisa com a cidade de Mafra por meio de um rio que cruza as duas cidades. Como eu havia feito palestras durante todo o dia de sábado, ao final da tarde daquele sábado atravessamos a ponte e chegamos ao Museu Municipal Carlos Lampe. A partir daquela visita que fizemos a esse museu no final da tarde daquele sábado, a minha vida passou a ter outro rumo, e minha esposa também foi afetada. A partir daquele dia, uma tarde no museu, foi como se eu tivesse entrado num filme de terror. Mas antes de eu falar o que ocorreu, veja abaixo algumas fotos desse museu.











Fonte das Fotos: Internet

Sempre gostei de casarões antigos e o Museu Municipal Carlos Lampe já me chamou a atenção pela sua aparência externa. Quando eu e minha esposa entramos no museu naquele final de tarde ensolarado de sábado, nós não imaginávamos que a nossa vida nunca mais seria a mesma depois de sair daquele lugar. 

Eu sempre gostei de fotografar minhas visitas a museus. E nesse não foi diferente. Já na chegada fui tirando fotos da parte externa daquele museu, pois tinha uma arquitetura única. Lembro que quando estávamos lá dentro eu e minha esposa olhamos algumas coisas juntos mas depois nos separamos por algum tempo. Ela foi ver algumas coisas no andar de cima enquanto eu permaneci vendo o mobiliário antigo no andar de baixo. Tirei fotos com meu celular de vários móveis e utensílios, meu telefone naquela ocasião não era dos melhores, mas tirava boas fotos. 

Tudo aconteceu quando eu estava observando um rádio grande e antigo que ficava no chão em um dos corredores daquele casarão, e fiquei admirado com o tamanho do mesmo, era um rádio bem grande, nunca tinha visto um daqueles antes. Fiquei curioso, pois parecia uma vitrola de tão grande que era. Peguei meu celular e apontei para aquele rádio a fim de tirar uma foto. O flash do meu aparelho estava desligado, bem como sua lanterna, mas na hora que tirei a foto eu vi um clarão na tela do meu aparelho. Na hora não dei atenção para aquilo e continuei tirando mais fotos do lugar. Lembro que visitei uma sala ainda no andar de baixo que me pareceu uma sala de música, pois havia um piano antigo. Mas suma coisa que me chamou atenção nessa sala foi um painel muito grande com a imagem de Jesus ao centro rodeado de diferentes pessoas. Como não havia nenhum objeto sagrado no museu que lembrasse o Catolicismo Romano, concluí que os antigos moradores daquele casarão eram Protestantes, provavelmente Luteranos. 

Após visitar todos os ambientes na parte de baixo, decidi subir as escadas barulhentas de madeira daquela casa transformada em museu. Cada passo que eu dava a madeira desgastada dos degraus estalava. Quando cheguei lá em cima encontrei a zeladora do museu, uma mulher baixinha e gordinha de origem alemã que estava limpando o chão. Após cumprimentá-la, lhe perguntei em tom de brincadeira se ela já tinha visto ou ouvido algo ali naquele lugar. Prontamente ela sorriu e me disse que nunca tinha visto ou ouvido nada de sobrenatural, se era o que eu queria saber. Disse ainda que o local era bem tranquilo e que era visitado com frequência por alunos de diferentes escolas da cidade e região. Eu lhe perguntei aquilo porque senti que aquele lugar era bem sinistro.

No andar de cima ficavam alguns artefatos como armas antigas, achados arqueológicos da região incluindo artefatos indígenas e até mesmo um esqueleto de um índio morto pelos caçadores de índios em décadas passadas quando a cidade estava se formando. Haviam também muitas fotografias de pioneiros fundadores da cidade. Todos esses itens e muitos outros estavam repartidos e expostos em diferentes salas no andar de cima do casarão. Lembro que havia também um quarto com roupas antigas de pessoas que tinham vivido ali. Ou seja, tudo que um museu pode ter para contar um pouco ou muito da história da cidade e da região.

Lá no andar de cima reencontrei minha esposa, a qual estava bem nervosa e aflita, e me pediu insistentemente para sairmos daquele lugar. A princípio eu não sabia o porquê, pois ela não me disse nada lá dentro. Saímos rapidamente do museu e fomos para uma pracinha que havia na frente do mesmo. Minha esposa estava tremendo e bem nervosa. Fomos sentar em um dos bancos daquela praça, a qual tinha como decoração pública uma avião antigo todo pintado. A seguir algumas fotos da praça.


Fonte das Fotos: Internet

Quando estávamos sentados lado a lado no banco daquela praça, minha esposa me contou o que havia ocorrido com ela lá dentro do museu. Ela me disse que estava no andar de cima olhando algumas roupas antigas expostas em manequins feitos com armação de ferro, quando decidiu tocar em um dos vestidos que estava exposto. Na mesma hora ela disse que começou a passar mal. Não soube me explicar ao certo o que sentiu, mas que ainda estava se sentindo mal e tendo arrepios pelo corpo enquanto a gente conversava no banco daquela praça. Como eu sempre fui meio sensitivo em relação as forças malignas, na mesma hora que ela me relatou o que estava ocorrendo eu também comecei a sentir arrepios pelo corpo. Tentei acalmar minha esposa dizendo para ela não temer nada, que nenhum mal iria nos acontecer porque Jesus estava conosco. Eu sabia que minha situação espiritual era de alguém que estava muito distante de Jesus. Embora estivesse tentando fortalecer a fé da minha esposa, eu mesmo me sentia fraco espiritualmente, distante dos caminhos de Deus e indigno de qualquer favor divino. Não consigo me lembrar se fiz uma oração com minha esposa naquele momento, simplesmente não lembro. Mas eu lembro que fiquei bem preocupado com o que tinha ocorrido, pois como já relatei em capítulos anteriores, minha vida espiritual sempre teve confrontos terríveis com as forças do mal. Desde o momento em que minha esposa relatou o que tinha ocorrido, de certa forma eu já sabia do que se tratava tudo aquilo, e senti medo de que os sofrimentos que eu tinha tido no passado de alguma forma retornassem em minha vida. E de fato, eu não fazia ideia de como tudo aquilo que estava acontecendo se tornaria tão grave na minha vida e na vida da minha esposa a partir do dia seguinte, mais precisamente no domingo a noite.

Após deixarmos a cidade de Rio Negrinho, SC, no sábado à noite, viajamos de volta para Joinville, SC, onde moramos. No dia seguinte como de costume, fomos almoçar com a família da  minha esposa em Barra Velha, SC, mais ou menos uns 50 quilómetros de Joinville. O almoço em família foi bem agradável, pois também haviam outros parentes da minha esposa que tinham ido visitar meus sogros. Dentre os assuntos à mesa na hora do almoço estava minha capacitação em Mafra, SC, e logicamente nossa visita ao museu em Rio Negrinho, SC. Após o almoço peguei meu celular para olhar as fotos que eu tinha tirado no museu, eu pretendia mostrar as fotos a todos. Antes porém fui conferir como elas tinham ficado. Ao ir passando foto por foto, de repente me assustei com o que vi numa delas. A princípio pensei que pudesse ser alguma distorção de imagem ou coisa parecida. Na verdade eu não queria acreditar no que estava vendo, bem diante de mim, em uma das fotografias que eu tinha tirado dentro daquele museu. Como eu relatei anteriormente, quando eu tirei uma foto daquele rádio grande que ficava no chão de um dos corredores daquele casarão, meu celular registrou um clarão na tela. Não era o flash do aparelho e muito menos a lanterna, mas agora vendo a foto diante dos meus olhos eu havia descoberto o que era, e eu fiquei atônito e assustado. Pensei a princípio que eu estava vendo coisas, e para ter certeza de que não era uma ilusão de ótica ou algo parecido que eu estava vendo naquela foto, eu decidi mostrar a imagem daquela foto que aparecia na tela do meu celular a todas as pessoas que estavam participando do almoço naquele domingo. Ao todo foram sete pessoas que viram, contando comigo. E todas ficaram apavoradas com o que viram, a ponto de pedirem para eu deletar aquela foto. Eu fiquei tão intrigado e ao mesmo tempo incomodado, que resolvi delatar não apenas aquela foto tenebrosa, mas todas as fotos que eu tinha tirado daquele museu. Naquele momento eu queria esquecer que um dia eu estivesse lá com minha esposa, mas a imagem gravada na foto em meu celular era real. Observações: 1. Meu celular em 2015 era um modelo antigo da Nokia, e naquela época ainda não tinha tantos recursos de mídia digital como hoje. 2. As fotos do Museu publicadas aqui foram tiradas da Internet. 

OBS: Deletei todas as fotos tiradas naquele dia no museu Carlos Lampe do meu celular antigo, todavia, as fotos que minha esposa tirou em seu celular não foram deletadas. Se desejar poderá visualizar as fotos AQUI.

Mas o que apareceu naquela foto? Vou tentar descrever nos mínimos detalhes, pois não tenho mais a foto para provar, mas a imagem daquela fotografia tirada com meu celular ainda permanece nítida em  minha mente até hoje. Naquela foto apareceu uma mão virada com a palma para cima e com os dedos meio curvados em forma de garras, aliás, os dedos eram garras. Mas essa mão que apareceu não foi em forma física, mas como se fosse uma radiografia sobreposta ao móvel que eu estava fotografando. Tentei pesquisar na Internet algo semelhante, e o que consegui mais próximo ao que vi naquela foto foi a gravura abaixo, mas mesmo assim, o que vi em meu celular era algo bem mais aterrador: 

Fonte: Internet

Apesar dessa imagem ilustrar parcialmente o que apareceu na foto que tirei naquele dia no Museu, ela ainda não representa bem o que de fato se manifestou quando usei meu celular para fotografar aquele rádio de chão antigo. Na imagem que apareceu naquela foto os dedos da mão pareciam garras, pois estavam voltados para cima com a palma da mão em forma de concha, e não para baixo como nessa ilustração. A partir dessa experiência sobrenatural, tudo em minha vida sofreria uma profunda transformação, principalmente em meu entendimento do mundo espiritual e do meu relacionamento com Jesus por meio da fé.

Voltamos para Joinville naquele domingo à noite e ao chegarmos em nosso apartamento tudo parecia normal como sempre. Ao irmos para o nosso quarto dormir, assim que deitamos na nossa cama, fiz uma oração em voz alta junto com minha esposa. Já fazia algum tempo que eu havia retomado a prática da oração antes de pegarmos no sono. Assim que acabei de orar minha esposa me disse que seu corpo estava todo arrepiado e que ela não estava se sentindo bem. Decidi recitar o Salmo 91 e no mesmo momento que comecei a orar meu corpo também ficou todo arrepiado a ponto de meu pelos parecerem um arame farpado. E além disso eu comecei a sentir a presença de uma força maligna muito forte e negativa. Nunca tinha sentido tão forte assim. Não demorou muito para minha esposa adormecer, contudo eu não conseguia dormir, porque aquela energia ruim vinha sobre mim arrepiando meus pelos a ponto de ficarem eriçados como se fossem arame farpado, mas se afastava quando eu invocava o nome de Jesus. Não consegui dormir naquela noite e nem nas próximas seis noites seguintes, ou seja, fiquei acordado sete dias e sete noites sentindo aquelas sensações ruins e vinte e quatro horas em oração, fosse em voz alta ou em pensamento.

Apesar do meu tormento ser 24 horas por dia, não contei nada para ninguém, nem mesmo para minha esposa, pelo menos nos sete primeiros dias. Eu estava numa grande luta espiritual contra as forças do mal, era como se tudo ao meu redor fosse um enorme furação de forças malignas tentando me dominar. Naquela primeira semana quando comecei a sentir tudo isso, eu sofri calado, e permanecia em constante oração, eu disse constante, ou seja, como minha mente não conseguia descansar e eu não conseguia dormir, então ficava orando em pensamento ou em voz baixa. Minha rotina mudou drasticamente. Não lembro de ter me alimentado adequadamente. Minha única preocupação e foco era vencer o mal que se aproximava de mim de maneira tão intensa. 


Continuará...


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